segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"Chiclete", não, obrigada!

Para mudar
É preciso começar
Por excluir
Hábitos mecânicos
Desnecessários
Como mascar um "chiclete"
Que pode acabar
No bico gracioso
Fazendo calar
Um pequeno pardal
Que voa para a goma
Largada no chão
Completamente iludido
Que aquilo seja uma flor
Uma fruta, ou seja lá o que for
Vejam só, vejam bem
Enganado pelo aroma
Que se fingia natural
Um doce de sabor
Para ele fatal
Que não só acaba com o canto
Mas também com o encanto
Da vida alada do pássaro
Que é atraído e traído
Pela inútil invenção
Que faz com adultos e crianças
Um coral de ruminantes
Mastigando, mastigando
E mastigando até que
Numa tosca cuspida
O "chiclete" já sem gosto
Sem cor
Mas com cheiro ainda
Confundível com fruta
Ou com flor
Seja lá o que for
Chama com seu cheiro
O pequeno passarinho
(E agora me pergunto
Entre estes parênteses
Quantos dos meus "chicletes"
Não foram parar em ninhos?
Mesmo depois de "corretamente"
Tê-los jogado no lixo
Onde foram parar?)
Outro dia pude ver
Mas sem entender
Um pequeno pardal
A pular desengonçado
Pois na sua cauda
Havia algo grudado
Parecia carrapato
Se é que poderia ser mas
Agora sei que bem poderia
Ter sido aquilo um chiclete
Pelo menos não ficou
Grudado no seu bico
E aquele pequeno pássaro
Salvou-se sem mesmo saber
Do perigo de morrer que corria
Por causa de uma goma de mascar
Morta e sem sabor
Disfarçada de fruta ou de flor

Por Bere Adams
(23.01.09)

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